quarta-feira, junho 21, 2006

Quando me senti mãe

O melhor momento para uma mãe, durante a gestação, é o ultrassom.
É o momento em que criamos o vínculo entre nós e o nosso bebê. Pelo menos pra mim foi assim que aconteceu.

O primeiro ultrassom onde vimos Sophia pela primeira vez foi com 12 semanas de gestação. Contávamos os dias nos dedos...era uma ansiedade enorme! Não víamos a hora de saber como estava sendo o seu desenvolvimento, saber se estava saudável, perfeita, ouvir seu coraçãozinho batendo...e, claro, tentar descobrir se era um menino ou uma menina!
Fizemos todo o trajeto até a clínica ouvindo música no último volume. Sentíamos um misto de ansiedade, euforia, curiosidade e nervosismo. Eu conversava com ela em pensamento, pedindo para que nos deixasse saber o sexo para poder, enfim, chamá-la pelo nome.
A primeira pergunta que fiz para a médica foi se ela achava que conseguiríamos descobrir o sexo já naquela fase. Ela disse que, dependendo da posição em que o bebê estivesse, sim. Mas que ainda era cedo...
O exame começou. Nos primeiros movimentos do aparelho a imagem dela foi se formando. Aos poucos consiguia identificar os bracinhos, as perninhas, a cabecinha...ela já tinha a forma de um bebê! Meu Deus! Eu nem tinha barriga e já havia um bebezinho ali dentro que não parava de se mexer...era incrível. Não dá pra descrever a sensação...eu só conseguia pensar que aquela coisinha pequenininha e já cheia de vontade era minha, estava aqui dentro de mim. Media 5,4cm e o coração batia a 182 bpm. Naquele momento senti o milagre da vida acontecendo bem dentro da minha barriga.
Olhei para o pai dela e demos as mãos, como sinal de cumplicidade...ela era nossa, nós que fizemos! Ela esticava as perninhas, mexias as mãozinhas, virava de um lado para o outro, dava cambalhotas...a médica sacudia a minha barriga para que ela mudasse de posição e ela chutava de volta. Hum...se puxar o gênio dos pais estamos perdidos! Hahahaha!!!
A médica examinava tudo e tudo estava perfeito. Ela se desenvolvia perfeitamente e, como não parava de se mexer, parecia querer avisar que ainda ia nos dar muito trabalho...rss...
Finalmente, pegamos uma posição em que conseguiríamos identificar o sexo. Não tinha ainda os órgãos genitais definidos mas ao que tudo indicava, seria Sophia. Para a médica, 70% de chance de ser Sophia. Para mim, sempre tive a certeza de que seria.
Saímos da clínica ainda atordoados por tudo o que vimos. Assim que coloquei meus pés pra fora da clínica desabei num choro que parecia não ter fim. As imagens não saíam da minha cabeça, era tudo tão lindo, tão inacreditável. Começamos a avisar as famílias que estavam ansiosas. E eu chorava. E depois chorava de novo.
No caminho de volta, o pai dela colocou no rádio do carro, Ave-Maria tocada no cavaquinho por Jorge Aragão, aumentou o volume e deixou que eu chorasse. Nunca vou me esquecer desse momento...

Essa semana fizemos mais um ultrassom para confirmarmos o sexo. Com 17 semanas de gestação ela já mede 19cm e pesa 182gr. Os bracinhos e os dedinhos estão definidinhos agora, os traços do rostinho também. Incrivel a diferença entre um exame e outro. O pai dela disse que ela tem os braços mais lindos que ele já viu na vida! Hahahah!!! Foi a primeira coisa que ele viu e que marcou. Não há mais dúvidas agora: Sophia é mesmo Sophia! A médica nos explicou a "marca do hamburguinho" (os médicos dizem que nessa fase a genitália feminina parece um hamburguer visto de lado, com os dois pães por fora e o hambúrguer por dentro). Nós não entendemos nada...pra nós havia apenas três pontinhos, um ao lado do outro, mas ela disse e nós acreditamos!
E, mais uma vez, eu chorei.