quinta-feira, setembro 27, 2007

Os preparativos para a chegada de Sophia...

A pediatra, Dra. Renata, que iria acompanhar o parto veio conversar comigo. Ela também estava grávida e, não sei se foi por causa disso, mas parecia que ela engolia o choro quando falava...

Ela explicou que normalmente trazia o bebê para a mãe ver logo após o nascimento, mas se a Sophia não chorasse ela iria socorrê-la e então eu não a veria. Deus sabe o porquê mas eu me mantive calma assistindo a tudo isso. Parecia que eu assistia um filme, que não era comigo que aquelas coisas aconteciam.

A enfermeira entrou no quarto para me depilar para a cesárea. Estávamos eu (e a Sophia), minha irmã e a Kika, uma amiga. A enfermeira entrou dizendo:

_ Agora sai todo mundo que eu vou depilar a Ju.
E eu perguntei:
_ Aqui?
Ela respondeu:
_ Não, né?!
Então saímos todas. E ela perguntou:
_ Juliana, onde vc vai?
_ Ué! Você não disse pra sair porque não iria me depilar aqui?
_ Não! Você fica!!!



Voltei para o quarto. Ela começou a me depilar e eu achei que ela estava fazendo a cesárea ali mesmo!!! Quando vi, estava toda ensangüentada! Eu perguntei:
_ Você quer que eu faça isso?
_ Não, Ju. Pode deixar, mas é que eu estou muito nervosa!!!!
Pelo visto, eu era a única pessoa calma naquele lugar!


Subimos para o centro cirúrgico, o pai da Sophia levava a cadeira-de-rodas e atrás vinha toda a torcida: minha mãe, minha irmã, a bisavó da Sophia... e, sinceramente, não me lembro mais quem vinha. Só sei que não estive sozinha nem por um minuto.
Enquanto o dr. Edison me preparava para o parto, o pai da Sophia se trocava para acompanhar tudo...e filmar!!! Nesse momento, durante o processo da anestesia, o dr. conversava com o auxiliar dele e dizia (novamente) que não tinha jeito... minha filha ia "pro pau" se ficasse na barriga ou se tirassem ela de lá. O detalhe é que a anestesia é local, portanto, eu escutava tudo o que eles diziam e pensava:
"É dr. Edison, você não conhece a minha filha..ela não vai morrer..."

Há exatamente 1 ano atrás...

Filha... hoje faz 1 aninho que você veio ao mundo! Meu grande amor... desde então, tudo o que faço, penso ou falo é por você. Você é o Sol que ilumina a minha vida e aquece o meu coração.

O médico havia marcado um ultrassom para dia 26/09/06, mas as enfermeiras esqueceram de mim... Deus escreve mesmo certo por linhas tortas...
Nesse dia, 26/09, terça-feira, o pai da Sophia teve que trabalhar. Saiu de manhã do hospital e só voltou a noitinha.. passei o dia com a minha mãe, brava com as enfermeiras que se esqueceram do ultrassom!
Então, no dia 27/09/2006, quarta-feira, eu teria que fazer o tal ultrassom e um outro exame cahamado cardio-toque (acho que é assim que se escreve), para saber como estava o coraçãozinho da Sophia. Nesse exame do coração, como o próprio Dr. Edison definiu, ela estava de "parabéns com estrelinha"! Mas o ultrassom não estava legal...pelo exame, a Sophia pesava 1,400Kg e eu tinha pouco líquido na placenta... tensão no ar! Quando o dr. soube do resultado, veio conversar com a gente.
Tenho que abrir um parênteses aqui pra dizer que o Dr. Edison é uma figura... só conhecendo mesmo pra saber... ele é daqueles tipos ingênuos, daqueles que tem uns 3 ou 4 anjos da guarda pra dar conta!!
Ele falou:

_ Olha...pelo resultado do ultrassom as coisas não vão nada bem... você está com 31 semanas de gestação e tenho que confirmar direito a situação de vocês porque SE DEIXAR, O BEBÊ VAI PRO PAU...SE TIRAR, VAI PRO PAU... me arrepia pensar em tirar um bebê com 31 semanas...

Imaginem só a situação... eu acordei aquele dia como acordei todos os outros e a única coisa que mudaria seria que naquele dia eu teria exames pra fazer..nem a comida do hospital havia mudado e, de repente, eu tinha um médico na minha frente dizendo, com os olhos arregalados que não sabia o que fazer porque, de um jeito ou de outro, minha filha ia pro pau!!!!
Estávamos no quarto, eu e a Sophia (na barriga, rindo da cara de todo mundo), o pai dela e minha mãe, que começou a ficar mole, quase desmaiou. Eu ria..não era de mim que aquele médico falava com toda aquela delicadeza, não era possível!
Então ele disse que eu deveria fazer um outro ultrassom fora do hospital para confirmar aquele quadro..e lá fomos nós! Na clínica o resultado foi ainda pior: 1,200kg e sem nenhum líquido na placenta, o que os médicos chamam de oligodrama severo. Ainda na sala do ultrassom, o médico que fazia o exame ligou para o Dr. Edison e o avisou sobre o resultado.
Quando cheguei no hospital, a sala de parto já estava arrumada.